quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

EUMENES II SÓTER (197 – 159 a.C.)

Eumenes II ( imagem ao lado), nascido antes de 220 a.C., foi filho e sucessor de Átalo I Sóter e seguirá seu pai na aliança com Roma, como patrono da Grécia e do desenvolvimento político e artístico de Pérgamo. Foi um rei fisicamente fraco, mas de forte espírito; contemporizador e perspicaz, Eumenes levou seu pequeno reino a ser um grande Estado. Durante seu reinado a cidade de Pérgamo se tornou um lugar próspero; foram construídos muitos edifícios e ele desenvolveu a famosa biblioteca de Pérgamo fundada por seu pai, que foi a única concorrente da biblioteca de Alexandria. Ao longo de sua vida ele manteve uma amizade com os seus três irmãos sendo sucedido por um deles devido a menoridade de seu filho quando de sua morte. Pouco antes de morrer, Átalo I Sóter já tinha feito Eumenes corregente devido a sua incapacidade física. Quando de sua ascensão ao trono Eumenes seguirá a política de seu pai. Visto ser o reino de Pérgamo aliado de Roma nas Guerras Macedônicas, Eumenes foi incluído pelos romanos para assinar a paz com o rei Filipe V da Macedônia em 196 a.C., em que ele recebeu as cidades de Erétria e Oreu na Eubeia. Em 195 a.C. ele enviou ajuda ao cônsul Flaminino na guerra contra o tirano Nabis de Esparta. Abaixo, estátua de dama de Pérgamo.
Antíoco III, o Grande, procura a sua aliança e ofereceu-lhe uma de suas filhas em casamento, mas Eumenes II preferiu manter-se aliado dos romanos, e quando a guerra eclodiu entre Roma e Antíoco (Guerra sírio-romana, 192-188 a.C.), Eumenes enviou sua frota de apoio aos romanos e facilitou a passagem deles pelo Helesponto. Na batalha decisiva de Magnésia do Sípilo (190 a.C.), ele comandou pessoalmente as tropas pergamenas que lutaram ao lado dos romanos e parece que fez um bom serviço na luta.
Em 189 funda uma cidade na Lídia e a chama de Philadelpheia, Filadélfia ("amor fraternal"), em homegagem a seu irmão Átalo. Mencionada com grande distinção na Bíblia ( Apocalipse 3.7-13, Filadélfia hoje é Alaşehir na Turquia.
Na Paz de Apamea ( 188 a.C.) entre Roma e Antíoco, Eumenes II recebe grandes territórios na Mísia, Lídia, Frígia e Licaônia, incluindo as cidades de Éfeso, Telmesso, Trales e Lisimáquia bem como o Quersoneso trácio tornando-se governador de um poderoso e estratégico reino. Nessa altura Eumenes casou-se com uma filha de Ariarates IV, rei da Capadócia, Estratonice, e consegue para seu sogro condições favoráveis para a Capadócia ser aliada de Roma. A Capadócia era antes aliada de Antíoco III. Abaixo, o Reino de Pérgamo depois da Paz de Apamea (188 a.C.)

Em 183 Eumenes guerreia contra o rei Prusias I da Bitínia; embora Eumenes sofra derrotas, o suporte romano dá-lhe a vitória no fim do conflito. Nesse ano alia-se às cidades de Creta. Em 182, pela sua aliança matrimonial, Eumenes foi envolvido em uma guerra contra o rei do Ponto, Farnaces I, que tinha invadido a Capadócia; houve enfrentamentos e repetidos envios de embaixadas de ambos à Roma. Na primavera de 181 a. C., sem esperar a volta de seu embaixador, Fárnaces atacou a Eumenes II e a Ariarates IV da Capadócia; invadiu a Galácia com uma numerosa força. Eumenes também se pôs a frente de seu exército, porém as hostilidades foram suspensas quando da chegada dos emissários do Senado Romano, dispostos a investigar as causas da disputa. Fizeram-se negociações em Pérgamo e Fárnaces teve que abandonar suas pretensões expansionistas.
Em todo o seu reinado foi um fiel aliado de Roma, aonde ele foi muitas vezes para tratar de assuntos diplomáticos e onde mostra-se hostil ao reino da Macedônia, tanto a Filipe V e ao seu filho e sucessor Perseu. Quando de sua visita a Roma em 172 a.C. foi recebido com grande distinção. Nessa visita, informa ao Senado sobre os supostos planos de Perseu para ganhar influência na Grécia. Em seu retorno a Pérgamo ele visitou Delfos sendo atacado perto de Cirrha, num complô promovido por Perseu. Embora escape, chega em Pérgamo a notícia de sua morte: seu irmão Átalo II assume o trono e casa-se com a viúva Estratonice. Mas quando Eumenes chega recupera pacificamente seu reino e esposa. Abaixo, o Asclepeion de Pérgamo, santuário dedicado ao deus grego da medicina Asclépio. Ele foi instituído em Pérgamo por Eumenes II, mas suas ruínas modernas remontam a época romana.

Quando eclodiu a terceira guerra entre Macedônia e Roma (171 – 168), a falta de êxitos de Pérgamo na guerra suscita a desconfiança de Roma. Eumenes era suspeito de manter correspondência em secreto com Perseu, uma postura não totalmente improcedente segundo o historiador romano Políbio; talvez Eumenes visasse um tratado de paz menos duro para os macedônios por uma grande quantidade de dinheiro. Após a vitória dos romanos (168 a.C.) seu irmão Átalo foi enviado a Roma para felicitar a vitória romana, mas esta visita não foi bem acolhida pelo Senado e Átalo foi reenviado para casa. Eumenes alarmado decidiu ir pessoalmente a Roma, mas o Senado proibiu a viagem tão logo chegou a Brundúsio e ordenou-lhe que deixasse imediatamente Itália. Durante vários anos, Roma o viu com suspeitas.
Em 166 Eumenes derrota os gálatas, mas os romanos o forçam a deixá-los autônomos. A vitória sobre os gálatas e outras conquistas de Pérgamo foram comemoradas no Altar de Pérgamo. Pérgamo desejava cultivar sua imagem dentro da supremacia cultural e política perdidas por Atenas no mundo helênico. Tinha vários projetos, inclusive o patrocínio de monumentos na acrópole de Atenas. Abaixo, a Stoa (pórtico) de Eumenes em Atenas.
O altar imenso dedicado a Zeus tem frisos que fazem direta referência tanto ao Partenon quanto às vitórias navais de Aníbal em Cartago, mostrando Pérgamo como defensora da cultura grega. Na base do altar, um friso descreve a vida de Télefo, filho de Herácles e mitológico criador da dinastia atálida, tentando fazer sua ligação com os deuses do Olimpo. Pérgamo, tendo se desenvolvido muito mais tarde que seus conterrâneos, não podia reclamar a mesma herança divina das antigas cidades-estado, mas tentava cultivar seu lugar na mitologia grega. Desde 1875 “o Altar de Zeus” (180 a.C.) foi levado para Berlim, após as escavações conduzidas pelo engenheiro alemão Carl Humann. Abaixo, sítio original do altar em Pérgamo.
Abaixo, o Altar de Zeus no Museu de Pérgamo, Berlim, Alemanha.

Em 160 a.C. seu irmão Átalo foi enviado novamente a Roma, onde foi recebido com honras tendo em vista Átalo ser o provável sucessor de Eumenes como aliado de Roma.
Em 159 a.C. esteve novamente em guerra com Prusias II da Bitínia e com os gauleses da Galácia, mas conseguiu evitar uma ruptura com Roma e com o irmão Átalo. Morre no mesmo 159 a.C., embora a sua morte não seja mencionada por nenhum escritor clássico, após um reinado de 39 anos, e foi sucedido por seu irmão Átalo II Filadelfo, já que seu filho Átalo, era ainda uma criança.
Abaixo, representação gráfica da antiga acrópole de Pérgamo.

Abaixo, as ruínas da acrópole de Pérgamo



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