terça-feira, 3 de março de 2009

EUMENES III ARISTÔNICO (133 – 129 a.C.)

Moeda com a efígie de Eumenes III Aristônico

Quando da morte de Átalo III Filométor (133) este deixa em testamento o reino de Pérgamo ao povo romano. Na ocasião também havia agitação entre os escravos e crescia o descontentamento entre os pobres das cidades e a população camponesa. Isso é evidenciado pelo fato das autoridades terem concedido o direito de cidadania aos mercenários e de melhorarem também a situação legal dos escravos. As autoridades locais possivelmente pretendiam travar o iminente movimento revoltoso com essas medidas. Talvez Átalo, com o seu testamento, visasse à pacificação social do reino legando-o a maior potência político-militar da época, a República Romana.
Abaixo, maquete da cidade Pérgamo.


O Senado envia a Pérgamo uma comissão para tomarem possessão da herança. A chegada da comissão (possivelmente nos inícios do ano de 132) fez precipitar um levante. Aristônico, filho natural de Eumenes II e de uma cortesã de Éfeso, apresentando-se como legítimo herdeiro do trono de Pérgamo, se recusa a anuir à possessão romana. Ele adota o nome dinástico de Eumenes III e proclama-se rei de Pérgamo. Para conseguir apoio a sua causa promete liberdade às cidades gregas. Por temor do poderio militar dos romanos, as cidades não o apóiam, inclusive a própria Pérgamo e Éfeso. Mas ele encontra o suporte na zona rural, onde as condições socioeconômicas faziam à população aspirar por dias melhores. A revolta transforma-se num conflito social entre a população oprimida do campo e a população urbana rica. Aristônico toma a pequena cidade costeira de Leuce (entre Esmirna e Focéia). Depois, diz Estrabão (Geografia, XIV, 646) que, “derrotado pelos efésios numa batalha naval em Cime, fugiu de Leuce para as regiões do interior, onde bem depressa logrou juntar uma grande quantidade de deserdados e escravos, chamando-os à luta pela liberdade”. O movimento ganha maior proporção. As cidades gregas de Tiatira e de Apolônis, na Lídia, são conquistadas. A onda revolucionária estende-se para sul, até Halicarnassos, na Cária. Os trácios, no outro lado do Helesponto, auxiliam-no, pois entre os escravos da Ásia Menor havia muitos trácios. Blóssio de Cumas na Itália, filósofo estóico, amigo do tribuno romano Tibério Graco (já falecido e que havia se destacado pela sua atuação social), juntou-se a Aristônico e pretendia criar na Mísia um Estado socialista: a cidade de Heliópolis ( cidade do sol em grego). Provavelmente o movimento tinha uma índole social de características utópicas com matizes religiosas como nos legou a tradição: a Pólis do Sol seria o reino da liberdade e da igualdade, onde não existiriam nem ricos nem pobres, nem escravos nem senhores. A população livre aderiu em grande número ao movimento, não só nas camadas mais pobres, como também nas camadas sociais médias. Eumenes III Aristônico tomou a frota real atálida na costa desde os estreitos do Mar Negro até a Cária, exercendo a pirataria. Abaixo, moeda pergamena do tempo de Aristônico.

Por fim, Roma resolve tomar posse de sua herança pela força das armas. Em 131, o Senado envia à Ásia Menor legiões comandadas pelo cônsul Públio Licínio Crasso Dives Muciano. Aristônico é sitiado em Leuce, mas suas forças obrigam os romanos a se retirarem, embora estes fossem apoiados pelos reis do Ponto, Bitínia, Capadócia e Paflagônia. Na retirada, Crasso Muciano é aprisionado e morto. Sua cabeça é levada a Aristônico e seu corpo enterrado em Esmirna.
Em 130, Roma envia o sucessor de Crasso Muciano, o cônsul Marco Perpena que derrota Aristônico numa grande batalha. Perpena apodera-se do tesouro deixado por Átalo III Filométor ao povo romano e o coloca num navio em direção a Roma. Perseguido pelos romanos, Aristônico retira-se para Estratonicéia, onde os romanos o assediam e obrigam a render-se pela fome. Blóssio suicida-se. Aristônico, que havia se rendido, é aprisionado. Marco Perpena morre pouco tempo depois nas proximidades de Pérgamo e substituído pelo cônsul Mânio Aquílio que leva Aristônico a Roma fazendo-o parte do seu cortejo triunfal. Por ordem do Senado, Aristônico foi estrangulado na prisão em Roma sendo justiçado pela morte de Crasso Muciano. Assim morreu, o último dos Atálidas. Abaixo, vista das ruínas da acrópole de Pérgamo a partir da Via Tecta, estrada construída pelos romanos.

Os últimos focos da rebelião de Aristônico serão dominados por Mânio Aquílio. Assistido por uma comissão senatorial, Aquílio reorganiza a Ásia Menor. O reino de Pérgamo transforma-se na província romana da Ásia. Os territórios orientais de Pérgamo são entregues aos reis aliados dos romanos, mas logo o Senado anulará essas concessões por acreditar que Aquílio e os membros da comissão haviam sido corrompidos por esses reis.
A província da Ásia, rica e evoluída, foi a primeira a ser entregue aos publicanos (cobradores de impostos). Esta província, o antigo reino de Pérgamo, é um importante ponto estratégico do domínio romano no Oriente. Mas a revolta contra Roma permaneceu bem viva, como o demonstrou a rebelião dos anos de 88 a 85 nas guerras instigadas pelo rei antirromano do Ponto, Mitrídates VI. Após as Guerras Mitridáticas, Pérgamo seguirá seu curso de cidade greco-romana, um dos centros do culto imperial e da cultura helenística.
Abaixo a evolução da dominação romana de 133 a 31 a.C.

FONTES:
http://es.wikipedia.org/wiki/Eumenes_III
http://www.livius.org/es-ez/eumenes/eumenes_iii_aristonicus.html
http://www.attalus.org/translate/justin5.html#36.4
http://www.tertullian.org/fathers/eutropius_breviarium_2_text.htm

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